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Memorial

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Mematücü

Ardério Almeida de Andrade

⛥1954

 

Ardério Almeida de Andrade é filho de Marcelo Aimane e Sebastiana Aimane,nasceu em 11 de novembro de 1954, em São Paulo de Olivença. Logo após onascimento, se mudou para Paraná de Catuliá onde viveu até os 22 anos. Em1968 se mudou para Maturá, lá permanecendo até 1979 quando saiu parafundar a comunidade de Bom Jesus II.A comunidade indígena Tikuna Bom Jesus II foi fundada no ano de 1972 por70 famílias, no total de 700 pessoas. Tinha pessoas indígenas Tikuna, Kokamae não indígena. A comunidade foi fundada pela missão cruzada, proprietárioda missão senhor Gabriel Ribeiro dos Santos.Quando algumas dos povos que moravam nessa comunidade foi retirado e transferido pela ordem damissão para comunidade do Juí, município de Santo Antônio do Içá. Essa população formou a atualcidade de Alteroza.Em 1992, senhor Ardério Almeida fundou uma nova comunidade de Bom Jesus II e foi feito seu cacique,cargo que ocupa até hoje. Atualmente a comunidade possui 40 famílias num total de 144 pessoas.Composta em sua maioria por famílias Tikuna e apenas três famílias Kambeba.A Comunidade de Bom Jesus II tem como sua economia agricultura, pesca e criação que são fonte derenda dos moradores da comunidade. A comunidade trabalha com manejo de lago com ênfase naprodução de Pirarucu. Possui uma escola, a escola Nossa Senhora Aparecida, fundada em 1972. Naépoca, a escola era de palha e vinco de açaitizeiro. Somente em 2011 foi convertida em alvenaria. Hoje osalunos estudam até o terceiro ano na própria comunidade.A luz chegou à comunidade somente em 2017, trazida com muito trabalho pela própria comunidade queabriu a estrada pros postes, que trabalhou custeando sua própria comida e com as suas própriasmáquinas. A prefeitura de São Paulo de Olivença contribuiu com parte do combustível e a empresa deenergia forneceu os postes e os fios.A maioria das famílias são agregadas à religião da Cruzada e outros são da igreja evangélica. Mas, comtudo isso, o povo continua a valorizar a sua cultura e vida tradicional indígena. Hoje as principaisdificuldades da comunidade é a ausência de água e de atendimento à saúde.

Hilda Pinto Felix

⛥1960

A senhora Hilda Pinto Felix nasceu na Comunidade de Umariaçu II pertencente ao Município de Tabatinga-AM. Atualmente ela mora em Comunidade de Filadélfia pertencente ao município de Benjamin Constant. Nasceu no dia 13/06/1960, é uma indígena Ticuna e pertence a nação de Onça. Seu nome na língua Ticuna é We’mena. Sua mãe é Maria Eva Onório e o nome do seu pai é Quirino Pinto. Ela é casada com o senhor Osvaldo Noriega Felix da nação de mutum e eles têm sete filhos .Hilda Pinto Felix foi agricultora e artesã, tesoureira do Museu Magüta e é Vice Coordenadora da Associação das Mulheres Indígenas Ticuna-AMIT. Concluiu o ensino médio no ano de 2011.Em 1989 foi realizada uma grande reunião com todos os caciques do alto Solimões, que aconteceu na comunidade Belém do Solimões para tratar da Associação das Mulheres Indígenas Ticuna (AMIT) que foi fundada em 1992. A AMIT é uma associação civil sem fins lucrativos de direitos provados sem vínculos partidários e religiosos com sede na cidade de Benjamin Constant, Estado do Amazonas, com prazo deduração indeterminado. São membros do AMIT as mulheres indígenas Ticuna das comunidades do Alto Solimões.A AMIT tem como objetivo: a) lutar pela demarcação e garantir a cidadania das mulheres indígenas;b) promover o respeito e reconhecimento a cultura e a história do povo Ticuna e assegurar a língua materna; c) promover e garantir que todas as mulheres Ticuna tenham seus documentos para assegurar seu direito; d) estimular a preservação das tradições culturais do povo Ticuna, manter nossa própria língua, preservar nossa floresta e medicina tradicional na educação para ensinar a fazer artesanatos ecânticos. A AMIT é composta de uma coordenadora e vice coordenadora, secretária e tesoureira. Tem como coordenadora Carmem Gomes Tamanho e Vice coordenadora Hilda Pinto Felix, Secretária Maria Oneide Ribeiro Mendes e Tesoureira Elza Pereira Vargas. Notas[1] Indígena da etnia Ticuna, clã Japó, mora na comunidade Filadélfia, município de Benjamin Constant-AM. Nascimento: 30/09/1996, 22 anos estuda na Universidade Federal do Amazonas – Instituto de Natureza e Cultura, no curso de Bacharelado em Antropologia.[2] Indígena da etnia Ticuna, clã Mutum, nome em língua Ticuna Te’acurana. Mora na Comunidade de Filadélfia, Município de Benjamin Constant, Estado do Amazonas. Data de nascimento: 02/01/1993.Discente da Universidade Federal do Amazonas – Instituto de Natureza e Cultura, no curso de Bacharelado em Antropologia.[3] Indígena da etnia Ticuna, clã Mutum, mora na Comunidade de Santo Antônio, município de Benjamin Constant -AM. Filho de Hilda Pinto Felix e Osvaldo Noriega Felix, nascido em 10/06/88. Estuda na Universidade Federal do Amazonas – Instituto de Natureza e Cultura, no curso de Bacharelado em Antropologia

HILDA PINTO
MEMATUCU

Me´tacü

Nino Fernandes 

⛥1954 † 2018 

Nino Fernandes, nascido em 8 de novembro de 1954 na comunidade indígena de Filadélfia da Terra Indígena de Santo Antônio, enfrentou a adversidade do abandono paterno aos quatro anos de idade, assumindo responsabilidades desde cedo. Criado em meio à escassez, encontrou na pesca e na caça uma parte essencial de sua subsistência, enquanto perseguia sua educação com resiliência, mesmo quando os recursos eram escassos. Sua determinação exemplar foi evidente desde os primeiros anos, mostrando-se um verdadeiro herói em sua constante presença e apoio à família.

Aos oito anos, Nino partiu para estudar na Colômbia, onde enfrentou novos desafios, retornando posteriormente para continuar seus estudos em Benjamin Constant. Sua jornada educacional foi intercalada com obrigações familiares, mas ele persistiu, eventualmente se casando aos dezenove anos e constituindo uma família. Como líder indígena, Nino foi eleito coordenador do Conselho Geral da Tribo Ticuna-CGTT em 1985, desempenhando um papel crucial na luta pelos direitos dos povos indígenas, especialmente em relação à demarcação de terras e à saúde.

Apesar das dificuldades e das oscilações em sua luta, Nino Fernandes permaneceu firme em seus ideais, tornando-se um símbolo de resistência e persistência no Movimento Indígena do Alto Solimões. Seu legado inclui uma incansável batalha pela preservação da cultura indígena, educação diferenciada e saúde, demonstrando uma dedicação inabalável às gerações futuras. Sua postura exemplar como líder e defensor dos direitos indígenas continua a inspirar e guiar sua comunidade mesmo após sua morte.

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MUCUNUCU
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Mucunücü

João Henrique
⛥1944 † 2018

João Henrique nasceu no dia 10 de maio de 1944, na aldeia Paranapara II, pertencente ao município de São Paulo de Olivença (AM). É da etnia indígena Tikuna, é parteiro e filho do senhor Nilo Henrique e de Luciana Maria, ambos também são Tikuna. O seu nome na língua Tikuna é Mucunücü, que significa um trançado de cordas. Pertence ao clã de Avai. No ano de 1994 fez o primeiro curso de parteiro através da capacitação de parteiro da zona rural. O curso tinha duração de um mês e foi oferecido pelo CGTT (Conselho Geral das Tribos Tikuna). Em 1996, foi eleito cacique da comunidade Paranapara II, quando liderou as lutas com o seu povo.
Ele lutou pela melhoria da educação da comunidade Paranapara II. Foi o primeiro a implementar uma escola na comunidade. Na época, era uma escola de madeira. Ele também lutou para que parte da comunidade conseguisse tirar seus documentos, como identidade e título de eleitor. Lutou pela luz comunitária implementada através da prefeitura de São Paulo de Olivença (AM) em 1998. Em 1999, organizou o movimento com o seu povo para mudar a comunidade para Terra Firme no Rio Camatiã devido às enchentes do Rio Solimões que atingia a antiga área da comunidade. Hoje a comunidade Paranapara II foi extinta e formou nova comunidade na Terra Firme. A comunidade hoje chama-se Decuâpü, que significa montanha Pantera Negra. Com as urnas eletrônicas, foi ele quem solicitou que fosse colocada uma urna na
comunidade para que as pessoas não precisassem sair da para votar. Em 2001 foi a primeira eleição com urna eletrônica na comunidade. Com ele, nós povo da comunidade indígena Decuapü aprendemos várias coisas. Ele deixou para humanidade muitas contribuições e lutou pelo direito de todos, especialmente no setor educacional. Em 2018 adoeceu de barriga estendida. Ele foi levado pelo agente de saúde da comunidade e ficou no hospital por três dias, quando veio a falecer. Faleceu em 6 de junho de 2018, às 9h da manhã, no hospital de São Paulo de Olivença. Depois da morte de João Henrique, em 2019, Carmelindo Marcelino Belitão foi eleito como novo cacique para comunidade.

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Santo Cruz Mariano Clemente Ticuna

⛥1960

 

Santo Cruz Mariano Clemente nasceu no dia 03 de janeiro de 1960, na aldeia Lauro Sodré, pertencente ao Município de Benjamin Constant/AM. Santo Cruz é da etnia indígena Ticuna. É músico e poeta. Filho do Sr. Leonílio Clemente e de Robertina Mariano Manoel, ambos também são Ticuna. O seu nome na língua Ticuna é Pu’cüracü do clã de mutum, que significa o rabo branco do mutum. No ano 1979 fez o primeiro curso de nivelamento para ingressar no curso de capacitação de professores da zona rural. O curso tinha duração de dois meses e foi oferecido pelo projeto Rondon da universidade Católica do Rio Grande do Sul. Ao concluir o curso de capacitação, em 1980, ingressou na área de educação como professor. Neste mesmo tempo foi secretário do seu pai na reivindicação na luta para conseguir o direito sobre a Terra. Em 1982 entrou no movimento Indígena junto com os professores Ticuna e os Capitães das Aldeias Ticuna. Acompanhou todas as reuniões feitas pelo movimento dos Capitães na época da sua constituição. Acompanhou na formação da OGPTB (Organização Geral dos Professores Ticuna Bilíngues), acompanhou na formação da CGTT (Conselho Geral da Tribo Ticuna). Esses movimentos tinham um papel muito importante nas conquistas da Educação, da Demarcação de Terra e da Saúde Indígena. Trabalhou na Educação durante 38 anos sempre defendendo os direitos Indígenas como todo, na preservação da cultura, do meio ambiente e na luta contra a discriminação. Para ter a garantia da Terra, brigou durante 33 anos junto com seu pai contra os fazendeiros que eram muito fortes. Em 28 de março de 1988 foi vítima do massacre do Capacete praticado pelos posseiros e comandado pelo madeireiro Oscar Castelo Branco. Em 2000 a 2001 foi presidente da OGPTB, e durante o movimento da organização, concluiu o curso de Magistério Indígena. Em 2006 fez a graduação na área de Ciências Humana em Antropologia, Sociologia e Filosofia. Em 2010, concluiu, fez sua colação de grau e recebeu seu diploma. Entre 2015 e 2016 assumiu o cargo de Coordenador Técnico Local/CTL/BC. Atualmente é funcionário público Federal na FUNAI (Fundação Nacional do Índio). Em 14 de abril de 2018 assumiu o cargo de Diretor do Museu Magüta até os dias atuais. O seu objetivo no Museu é defender a Memória do Povo Ticuna, a cultura, a tradição, cuidar do patrimônio, defender os direitos Indígenas, fortalecer o movimento Indígena, valorizar o trabalho dos artesãos na economia familiar, criar uma política pública juntos ao Governo Municipal, Estadual e Federal.

Âncora 1
ME´TACU
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Ngematücü

Pedro Inacio Pinheiros

⛥1944 † 2018 

Pedro Inácio Pinheiro “Ngematücü” nasceu em 12 de fevereiro de 1944, no igarapé na cabeceira do “Tunetü”, Évare I, “Igarapé da derrubada” São  Jerônimo que pertence ao município de Tabatinga (AM). Pedro Inácio viveu  longe do pai. Além disso, ficou órfão muito cedo, a mãe dele morreu quando  ele tinha 5 anos de idade. Com oito anos de idade, sai do igarapé Tumetü e se muda para Vendaval, onde havia uma fazenda do senhor Mafra onde trabalhou por muitos anos e onde presenciou a escravização do seu povo Tikuna e onde começou a luta em busca da liberdade do povo Tikuna ou Magüta. 

Entre os 17 e 18 anos, Pedro Inácio decidiu retornar à sua comunidade onde conheceu a senhora Gracila Tumetü com quem veio a casar algum tempo depois. Já casado, passou a trabalhar em Letícia, Colômbia, por cinco anos. Em 1972, foi eleito cacique da sua comunidade em Vendaval. Ele morreu no dia 25 de julho de 2018, deixando os seus filhos e filhas – Nele Pedro Inácio, Carmem Pedro Inácio e Carmelita Pedro Inácio, Fátima Pedro Inácio, Yane Pedro Inácio e Brodolone Pedro Inácio. 

Pedro Inácio foi um grande líder Tikuna. Foi fundamental na união do povo indígena Tikuna na luta pela demarcação e garantias das terras. E não mediu esforços para que isso acontecesse. Ele estava disposto a fazer a autodemarcação e a expulsar todos os funcionários da Funai (Fundação Nacional do Índio) se a demarcação não saísse. Foi também o esteio do movimento indígena na região por sua firmeza e sua coerência na defesa dos direitos fundamentais desse povo. Tentaram cooptá-lo diversas vezes. Chegaram a oferecer cargo na Funai, mas, ele se manteve firme na defesa dos Tikuna. 

Pedro Inácio Pinheiro liderava o povo Tikuna, a maior população indígena do país, sendo o cacique mais importante e representante. Esse reconhecimento advinha tanto da sua trajetória política no movimento indígena desde os anos 70 quanto por suas habilidades como desenhista e entoador dos cânticos tradicionais da língua Tikuna. Pedro Inácio sempre pregava a união do seu povo e o fortalecimento de sua luta e resistência. Ele dizia – “Eu morro por ele, por este meu povo, por isso eu morro por ela, esta terra, todas as coisas que acontecerem. Por ela, eu morro.” 

Pedro Inácio contribuiu com a educação que os povos Tikuna tem hoje, a sua saúde em cada aldeia, sua terra livre para fazer as roças, livre para viver como qualquer outro povo. Ele deixou muitas histórias que hoje o seu povo continua praticando. A cultura que nunca esqueceram, sua língua materna, as suas tradições que jamais serão esquecidas. 

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